terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu queria escrever um texto.

Eu queria escrever um texto. Será que isso vai dar certo? Vamos ver. Sobre o quê vai ser o texto? O que eu quero escrever? O que eu gosto? Eu gosto de música, carros, estradas, shows e coisas que num interessam muitas pessoas no geral. Vou escrever sobre isso. Boa. Uma viagem com os amigos pelo país para ver alguns shows. Não. Eu viajei pouco pra saber. Idiotice. Vou escrever sobre Mulheres! Sobre minha relação com elas e como eu vivo minha vida com elas. Ah, esqueci que eu não sou muito bom nisso. Eu namoro há quase dois anos. Eu não sou muito experiente no assunto. Que Idiotice. Vou escrever sobre mim. Não. Nem é interessante. Vou escrever sobre um cara niilista, existencialista e confuso, que mata alguém e passa a... PORRA. Agora que eu vi. Que Idiotice. Eu num tive nenhuma idéia original até agora. Pensei em Bukowski, Kerouac e Dostoiévski. Os últimos três livros que eu li. Minha cabeça ainda tá fresca neles. Idiotice a minha achar que eu posso criar alguma coisa. E SE eu misturar os três? Sobre um cara niilista, existencialista, irônico, que viaja pelo país, pega as mulheres, curte a música, e que mata alguém. Haha. Que Idiotice. Bem que eu queria ser assim. Às vezes seria legal não é? Livros sempre contam a vida melhorada. Bukowski mesmo falou isso. Nem pra eu criar uma frase nova eu prestei. Mas bola pra frente. O que eu faço agora? Posso me apresentar ao leitor. É claro. Pra quem não sabe, meu nome é Tito. Sim. Esse é o meu NOME. Só Tito. Sem sobrenome. Por mais que isso pareça Idiotice. Idiotice. Idiotice. Eu falo muito essa palavra, não é? É idiota falar isso. Vou parar. Prometo. Pra quê eu estou prometendo pra você? Não devo nada a você. Nem te conheço. Ou conheço? Se não conheço, o prazer é todo seu. Mentira. Minha Auto Estima nem é tão alta assim. Ele não é nem um pouco alta. Acho que ela é baixa. Mentira. Acho que eu nem tenho isso. Mas vamos continuar. Minha idade. Num interessa. Eu ainda tenho muito a viver. Espera que eu vou ali pegar um café. Peguei. Vai ver por isso estou escrevendo rápido assim. Já estou na segunda garrafa de café de hoje. Estou sozinho em casa. Está tocando um Blues Rock frenético como se não houvesse amanhã. Meus vizinhos devem me amar. Pelo menos eu pago as contas em dia. Isso eu nunca tive problema. Eu gosto de curtir um bom som. Gosto de Blues. Gosto de Jazz. Gosto de Rock. E ALTO. Nossa. Já está escurecendo e eu até agora nem comecei a escrever meu texto. Fiquei perdido nessa idéia toda. Adoro quando está escurecendo. Entra uma luz bonita pelas janelas. Deu-me vontade de fumar um cigarro. Eu não fumo. Deixa. Mais um café. Vou tomar uma pausa. Vou ali pra janela olhar pra vista cotidiana e tediosa enquanto ouço Dan Auerbach gritar com vontade. Voltei. Fiquei pensando. Devem ter milhares de pessoas aqui por volta dessa região, e nenhuma delas pelo visto está aproveitando essa hora como eu. Essas pessoas estão muito distraídas com o que não realmente interessa. Eu moro do lado de uma igreja evangélica. Eu estava logo ali fora vendo alguns fiéis agachados perto do altar. Nem quis saber por quê. Deixa pra lá. Virei meu rosto para a vista de novo. Pensei: Isso dava uma foto legal. E dava mesmo. A minha namorada ia tirar essa foto com prazer. Bateu uma saudade. Estou sentindo o cheiro dela. Chanel número cinco. Clássico.

CARA.

Quer saber? Foda se o texto.
Minha vida é melhor do que a do Kerouac, Dostoiévski e do Bukowski juntas.


...


Não é que eu acabei escrevendo sobre mim?