quinta-feira, 28 de julho de 2011

Histeria Coletiva e Massificação de Pensamento

Tem coisa mais histérica que a platéia de um show? Mas por quê? É a música? É o artista? Comecei a pensar sobre isso quando fui a um festival de rock em Itu, interior de SP, o SWU. Lá comecei a perceber o tanto que a histeria de um é levada ao próximo com tanta facilidade. Fui exatamente pra ver o show da banda Queens of the Stone Age, e durante o próprio show, lembro-me apenas de poucas coisas, lembro-me de não me sentir comandando minhas atitudes, lembro-me de literalmente ser levado pela multidão, pra lá e pra cá, como um mar de gente bem movimentando, ao som do rock de Josh Homme. Reparei que a histeria que contagiei vem da massa que estava lá e exercia uma mesma função que eu. Dançar. Mas por que eu num conseguia tirar aquilo de mim? Sim, o som dos caras é pra mim um dos meus favoritos, mas eu num fui capaz de parar e olhar criticamente o show. Eu não usei droga, eu não bebi um gole de álcool e nem fumei nada. Era só eu e aquilo. Aquilo era mais forte que eu.

Comecei a me lembrar sobre um estudo que vi sobre Histeria Coletiva e me lembrei de todo aquele sentimento hipocondríaco de velhinhas na frente da tv ao ver propaganda de remédio, quando ela vê os sintomas das gripes, já começa a pensar que ela tem aquilo ou pior, que ela sente aquilo. No estudo que vi, botaram 20 pessoas num quarto e dessas 20, um era um ator, que iria naquele momento fingir uma doença contagiosa. Daí apareceria um médico responsável que diria a todos sobre a doença e sobre como ela era contagiosa. Dessas 19 pessoas restantes não teve uma que não começou a ter os sintomas da doença descrita, apenas por acreditar naquilo e estar no meio da massa, aonde via aquilo tudo acontecer. É magnífico. Nenhum parou e pensou sobre o que realmente ele, separado daquele meio, sentia.

Foi o que eu pensei em meio todo aquele calor da multidão.

Como que eu posso estar sendo levado pela multidão assim? Eu não tenho a capacidade de ir ao contratempo da música? Eu num tenho como decidir ficar parado vendo o show simplesmente e entendendo como meus mestres fazem tal obra? Na semana seguinte, já aqui em Belo Horizonte, comecei a pensar sobre isso. Pensava assim: "Num é possível! Como aquilo foi mais forte do que eu? Eu achei que eu tinha uma cabeça boa!", me lembrei de todos aqueles momentos de filosofia sobre alienação e me vi mais um alienado. Mais um carneirinho. Era o que me faltava.

O que eu não sabia era que não cabia a minha "boa" cabeça, nem à tudo o que penso em relação ao que eu vivi ali. Era o que alguém ali queria que eu fizesse? Não sei. Talvez sim. Mas num vem ao caso. O que realmente tirei daquela situação é que não importa o tanto que você pensa ou reflete sobre o dia-a-dia, sobre o que você sabe que é real pra você ou que você sabe sobre filosofia, o que você precisa realmente saber é que você precisa ficar atento todo dia às pequenas coisas que você faz. Pensar mesmo sobre o que quer fazer na hora que quer fazer. Por que às vezes nos podemos ser livres mesmo. Ninguém sabe. Mas a gente tem que ter a perspicácia e a malícia necessária para que talvez a gente seja o cara lá em cima do palco. Ou às vezes o cara dançando loucamente e esquecendo-se de tudo, a gente só tem que definir se é realmente isso que quer. O importante é simplesmente se sentir bem por fazer o que quer. É o que vale no final.